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Nível do mar sobe 0,5 cm em cinco anos

Aumento foi provocado pelo derretimento de 2 trilhões de t de gelo; 2008 foi o 10.º ano mais quente, diz ONU

Em apenas cinco anos, 2 trilhões de toneladas de gelo da Groenlândia, Alasca e Antártida derreteram e elevaram o nível do mar em 0,5 centímetro. Os dados, da Nasa, a agência espacial americana, foram apresentados simultaneamente ao anúncio das Nações Unidas de que 2008 será o 10º ano mais quente já registrado no planeta - desde que os cálculos começaram a ser feitos em 1850 - e que a década será a mais quente de que se tem notícia, com impacto também para o Brasil.

Michel Jarraud, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM, braço da ONU), alerta que o ano de 2007 foi o pior em termos de perda de cobertura de gelo no Ártico, abrindo rotas marítimas pelo Pólo Norte e possibilitando o início de uma corrida pelo petróleo e gás na região. No ano passado, o gelo ártico cobria 4,3 milhões de km2. "Estamos vendo que a camada de gelo é cada vez mais fina", disse Jarraud.

Segundo a ONU, 200 milhões de pessoas que vivem em regiões costeiras estariam ameaçadas pelo fenômeno nas próximas três décadas. O governo das Ilhas Maldivas, por exemplo, já começa a pensar em soluções como a pura e simples realocação de sua população.

Liberação de metano

Mais da metade do derretimento de gelo dos últimos cinco anos ocorreu na Groenlândia, região que começa a experimentar uma verdadeira revolução natural. Só o Alasca perdeu 400 bilhões de toneladas de gelo terrestre. Partes do Ártico teriam registrado temperaturas quase 10°C mais quentes que em 2007. Na Sibéria, o temor é com a emissão de metano, que estava congelado em lagos. Agora, o gás pode começar a se desprender se as temperaturas continuarem elevadas.

Parte da redução da cobertura de gelo ocorre pelo aquecimento, acelerando graças às emissões de CO2. Dados divulgados há duas semanas mostraram que nunca a concentração de CO2 na atmosfera foi tão elevada como agora.

Recordes repetidos

O ano de 2008 registrou uma temperatura média de 14°C, 0,3 grau acima da média entre 1961 e 1990. Já 2005 foi o ano mais quente já registrado, com 14,8°C na média do planeta.

O que preocupa a OMM é que a tendência não parece estar mudando e, a cada ano, há novos recordes. Na Austrália, por exemplo, foi registrado o calor mais intenso da série histórica, com uma máxima superior a 35°C durante duas semanas inteiras.

 "O que estamos vendo é que fenômenos meteorológicos extremos estão sendo cada vez mais freqüentes", disse Jarraud.

Em todo o mundo, o impacto dessas mudanças climáticas vem sendo sentido de forma diferente. Alguns países europeus vivem verões tropicais, enquanto o inverno foi menos frio na Escandinávia. Já na América do Sul, a Argentina registrou as temperaturas mais baixas.

Os fenômenos extremos ainda são exemplificados na ONU com a alta em julho deste ano de 3 graus Celsius na Argentina, Paraguai, Bolívia e sul do Brasil em relação à média climática do mês de julho. No Caribe, os furacões continuam a aumentar de intensidade.

(O Estado de SP, 17/12)


Data: 17/12/2008