Governo pretende manter os reajustes da forma que foram acordados Afirmação é do secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento Em entrevista publicada no último dia 29 de janeiro, no Sítio do Servidor Público (www.servidor.gov.br), o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva, esclarece a posição do Governo em diversas questões envolvendo o serviço público federal. Reajustes salariais, avaliação de desempenho, previdência complementar e plano de saúde são alguns dos tópicos abordados. Veja a entrevista.
- O que o senhor pode dizer aos servidores em relação aos aumentos neste cenário de crise mundial? - A nossa preocupação com o equilíbrio fiscal e com a previsibilidade de gastos de pessoal é anterior à crise e isso fica claro quando, no ano passado, enviamos ao Congresso Nacional o PLP 01, que limitava os gastos de pessoal. Toda essa revisão das estruturas remuneratórias é resultado de um grande processo de negociação com as entidades que representam os servidores públicos federais. As remunerações foram revistas com duas preocupações: a primeira foi fazer acordos de longo prazo - a maioria deles vai até 2010; a segunda foi ter preocupação com o equilíbrio fiscal. Foi um trabalho de mais de um ano, que resultou nas quatro medidas provisórias. O Governo pretende manter os reajustes da forma que foram acordados. As categorias que contam com parcelas em janeiro de 2009 já estão com os reajustes na folha de pagamento. Agora, é claro que, se houver um agravamento da crise, novas medidas poderão ser tomadas em todos os campos de atuação do Governo e, se os reajustes precisarem ser revistos, chamaremos as entidades para negociarmos e acertarmos o que for preciso. - O Governo vai continuar negociando reajustes? Quais os objetivos a serem cumpridos até o final do mandato? - Todo o processo de negociação salarial e todos os reajustes que este Governo programou conceder estão encerrados. A SRH tem pautas que vão além dos reajustes. A ideia é trabalhar na construção do processo de negociação permanente e as quatro últimas MPs já apresentaram vários elementos novos. Nós alteramos a modalidade da remuneração de todas as carreiras chamadas de Estado. Essa é uma alteração importante por vários motivos, mas o principal deles é que passa a ser uma remuneração transparente. A sociedade tem o direito de saber a remuneração de um agente público. Outro elemento importante é a criação de novos processos e critérios de avaliação de desempenho na administração pública, com o objetivo de aumentar a qualidade do serviço. Nós temos 26 grupos de trabalho com os sindicatos, envolvendo várias carreiras. Esses grupos começarão a funcionar em breve e vão discutir várias questões relacionadas ao desenvolvimento das carreiras, e os assuntos não terão a ver com aumento de salário, mas sim com como melhorar o ambiente de trabalho. - Entidades alegam que entre a conclusão das negociações e a publicação das MPs o Governo deixou de cumprir partes do acordo. Isso aconteceu de fato? - Eu desafio qualquer sindicato a provar que nós não estamos cumprindo. O que há é que alguns sindicatos fazem a leitura de medidas que estão na MP e não foram objeto da negociação. Por outro lado, podem ocorrer imprecisões, que, em vários casos, nós reconhecemos e buscamos corrigir. A MP 431 tinha mais de 530 artigos, exigiu um trabalho técnico muito difícil.
- Vamos criar os comitês de avaliação. O próprio servidor se auto avalia, a equipe avalia o indivíduo e as chefias também serão avaliadas pelas equipes. Isso é um elemento importante, quem tem atribuição de comando tem que passar por um processo de avaliação pelos seus comandados. Não será só o chefe que vai avaliar. Historicamente sempre foi assim, o chefe avalia, dá uma nota e pronto. A avaliação será individual, coletiva e multiinstitucional. É importante ter várias opiniões e o foco é a qualidade do serviço, que é feito de forma coletiva. Haverá mecanismos para perceber quem se destacar. A avaliação de desempenho tem duas dimensões. 20% individual e 80% institucional. A avaliação será, pelo menos, semestral - o prazo pode ser menor dependendo da carreira. Ainda este ano, vamos chamar os sindicatos para fazer uma rodada de negociação e definir os critérios para a aplicação desse sistema - critérios que vão levar em conta as características de cada órgão. Não queremos que o servidor veja esta avaliação como uma punição A avaliação tem uma interface com a política de desenvolvimento de pessoas. Portanto, um servidor mal avaliado tem que ter um mecanismo de reciclagem, de capacitação, e a SRH já trabalha para proporcionar esta capacitação a estes servidores.
- Existem vários projetos sendo discutidos no Congresso, mas nenhum de iniciativa do Executivo. A SRH conta hoje com um grupo de trabalho específico para tratar da negociação coletiva e o direito de greve. Ainda não estamos trabalhando com prazo de envio. A ideia é que esta lei seja específica para regulamentar a questão no âmbito do Executivo Federal, mas que sirva de base para Estados e municípios. Estamos chamando de Lei de Tratamento dos Conflitos na Relação de Trabalho entre Servidor e Estado. Ao mesmo tempo em que regulamenta o direito de greve, a lei deve estabelecer responsabilidades e garantias no exercício de um mandato sindical, além dos limites do exercício do direito de greve, que é um direito coletivo, mas que não pode se sobrepor aos direitos da coletividade. Na nossa opinião, o exercício do direito de greve não pode causar prejuízo à população consumidora dos serviços públicos, não se pode comprometer direitos maiores. O maior deles é o da sociedade como um todo. Se uma corporação tem direito à greve, isso não pode comprometer a prestação do serviço. Uma outra necessidade é a discussão da forma que esse direito será estendido aos setores que são considerados de serviços essenciais, como, por exemplo, escolas e hospitais. É incoerente determinar um percentual mínimo de funcionamento para setores que, mesmo com 100% dos servidores trabalhando, não conseguem atender à demanda da população. Isso tudo precisa ser discutido. Esse direito terá que ser exercido com muita responsabilidade. A opção de se tornar servidor não é impensada. Na maioria das vezes, é uma opção única na vida, ele sabe que vai ser servidor até se aposentar. Isso significa que ele tem responsabilidade, tem vocação. Ao exercer o direito da greve, que é constitucional, ele tem que pensar nisso. Ele fez uma opção por uma área, que não por acaso se chama serviço público, que é para prestar um serviço para a coletividade. Eu acho que pode haver setores que possam ficar impedidos de fazer greve. Mas a lei deve prever outros mecanismos para que eles possam se manifestar, senão seria inconstitucional. - O senhor acredita que a Previdência Complementar do Servidor será aprovada ainda este ano? - A nossa expectativa é que ela seja votada ainda este ano. Estamos preparando também o projeto de lei do regime próprio de previdência do servidor. O sistema será construído com base no que já está votado em termos de emenda constitucional. Isso vai acontecer, obviamente, respeitando o direito adquirido de quem já entrou nas carreiras. Só valerá para os novos, após a implementação do regime. Nós esperamos que todo esse processo esteja concluído em 2009. - O Governo ainda luta pela aprovação do PLP 01? O projeto pode ser um inibidor dos aumentos e de novas contratações? - O PLP 01 demonstra claramente a nossa preocupação com o equilíbrio fiscal. O projeto trata da previsibilidade com a evolução dos gastos de pessoal ao longo do tempo. Vamos esperar para saber qual a decisão do Congresso sobre o assunto. Desde que o Governo propôs o PLP 01, as negociações e as contratações têm sido pautadas pelos parâmetros propostos pelo projeto. Vários segmentos, notadamente o sindical, colocaram que seria uma trava, que iria significar arrocho salarial, mas o processo de negociação mostrou exatamente o contrário, pois houve reajustes importantes. Nós achamos que a administração pública federal precisa ser recomposta. No primeiro mandato do presidente Lula, houve o ingresso de 100 mil novos servidores por concurso, foi uma clara prova de recomposição da força de trabalho, que precisa continuar. Se compararmos com uma década ou uma década e meia atrás, o número de servidores ainda não atingiu o número suficiente. Pretendemos continuar contratando, mas dentro da necessidade e da realidade, com a cautela que o momento de crise exige. - Existe alguma possibilidade do Governo unificar carreiras como forma de simplificar o quadro de pessoal?
- O Governo estaria preparando uma aposentadoria especial para a área de Segurança?
- A paridade é uma reivindicação constante dos servidores e há projetos sobre o tema no Congresso. Qual é a posição do governo?
- Há a possibilidade de o Governo aumentar as contribuições do plano de saúde de acordo com a idade?
(Sítio do Servidor Público) Data: 03/02/2009 |