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Embrapa e UEPB criam mestrado em Ciências Agrárias

Uma parceria inédita entre Embrapa Algodão e Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) está criando o Programa de Pós-graduação em Ciências Agrárias. O convênio, encaminhado à CAPES na semana passada, terá área de concentração em agrobioenergias e agricultura sustentável. O curso possui três linhas de pesquisas: Energias renováveis e biocombustíveis; agricultura familiar e sustentabilidade; Biotecnologia e Produção Vegetal.

 

“É uma associação do tipo ampla, com responsabilidades compartidas entre instituições, que visa qualificar profissionais para atuar no ensino, na pesquisa, em consultoria, planejamento, execução e avaliação de políticas públicas voltadas na área de ciências agrárias”, diz o professor Cidoval Morais, assessor da Pró-reitoria de Pós-graduação da UEPB, que elaborou a proposta em conjunto com Napoleão Beltrão, chefe geral da estatal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na Paraíba.

 

A Embrapa Algodão vai entrar na parceria com o melhor dos insumos: o humano, uma vez que oito pesquisadores deste centro de pesquisas comporão o corpo docentes do mestrado. São eles: Napoleão Beltrão, Liiziane Maria de Lima, Carlos Alberto Domingues, Dartanhã José Soares, João Paulo Saraiva, Roseane Cavalcanti, Everaldo Paulo de Medeiros e Giovani Greigh de Brito.

 

Para Beltrão, o convênio inaugura uma fase evoluída do conceito da universidade corporativa da Embrapa. “Esse mestrado vai preencher uma lacuna no universo da pós-graduação paraibana. A idéia é que nossos pesquisadores repassem o conhecimento para as novas gerações de pesquisadores”, diz o agrônomo e executivo-mor da empresa pública de pesquisa situada em Campina Grande.

 

Morais explica que a UEPB, por sua tradição no campo do ensino de graduação e pós-graduação, é a instituição promotora e, como tal, responsável pela gestão acadêmica do programa. “A Embrapa, como co-responsável, além da cessão de pesquisadores para a tarefa de ensino e orientação, assegura assistência aos discentes em suas instalações e ambiência para a pesquisa laboratorial e de campo”, acrescenta.

 

Os idealizadores do programa dizem que o objetivo é oferecer qualificação técnico-científica em nível de pós-graduação para agrônomos, engenheiros agrícolas, agroecólogos, licenciados em Ciências Agrárias e outros profissionais graduados em áreas correlatas, com a finalidade de formar recursos humanos habilitados para desenvolver, aprimorar e difundir conhecimentos de pesquisas básicas e desenvolvimento tecnológico, ensino e extensão na área de Ciências Agrárias, tendo como pano de fundo o sistema de produção de agrobioenergéticas e a sustentabilidade da agricultura familiar no Nordeste brasileiro.

 

“O Mestrado em Ciências Agrárias inclui-se no propósito perseguido pela UEPB/Embrapa Algodão de incrementar pesquisas, desenvolvimento tecnológico e sua transferência para o semi-árido brasileiro que tenham como foco o estímulo na produção de biocombustível e o fortalecimento da agricultura familiar”, diz Beltrão.

 

Os promotores da parceria observam ainda que a UEPB traz a experiência pedagógica, fortemente centrada no ensino e na pesquisa acadêmica. Já a Embrapa, é focada na pesquisa tecnológica, formando a outra banda, que se une no sentido de oferecer um programa diferenciado, que tem como preocupação a formação de recursos humanos com conhecimento no manejo agroecológico dos ecossistemas regionais e locais, visando o desenvolvimento de uma agricultura sustentável.

 

Mercado acadêmico

 

O Nordeste brasileiro tem hoje 15% dos grupos de pesquisas instalados no País, segundo o último censo do CNPq. Nesse contexto, as Ciências Agrárias despontam como a quarta grande área de concentração de grupos e produção técnico-científica. A pós-graduação na área de Ciências Agrárias, embora registre um acentuado crescimento e bons indicadores de inovação, está distante de dar respostas às complexas questões do desenvolvimento da agricultura sustentável e, na outra ponta, atender a demanda gerada pelos cursos de graduação em suas diferentes denominações (Agroecologia, Agronomia, Agroenergia, etc).

 

São pouco mais de 20 cursos de mestrados recomendados pela grande área Ciências Agrárias I e menos de 10 cursos de Doutorado. Na Paraíba, há pós-graduação Stricto sensu em Engenharia Agrícola e Recursos Florestais, na UFCG, e Agronomia e Manejo de Solo e Água, na UFPB. No Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco há pelo menos um curso em média, com especificidades que não concorrem entre si. O MCA, portanto, justifica-se também por sua especificidade.

 

“A sustentabilidade da atividade agropecuária depende, dentre outras questões, do uso racional dos recursos naturais e do controle da degradação ambiental. O manejo adequado da irrigação proporciona economia de água, conservação dos solos agrícolas e aumento da produtividade das culturas”, assinala um trecho da proposta remetida à CAPES.

 

Napoleão Beltrão garante que o desenvolvimento de pesquisas sobre culturas bioenergéticas adaptadas a região, visando a produção de biocombustíveis, tornará possível à melhoria na qualidade de vida de milhares de agricultores familiares, com uma perspectiva de negócios atraente. “Acrescente-se que o gerenciamento dessas pesquisas visem o uso dos recursos naturais de forma sustentável, proporcionando a geração de conhecimentos técnico-científicos indispensáveis para o desenvolvimento sustentável da região semi-árida brasileira”, afirma o pesquisador.

 

Os responsáveis pela proposta dizem que o Programa de Mestrado em Ciências Agrárias busca contribuir na formulação de políticas públicas que atendam a demanda bioenergética e de produção de alimentos, com uma visão sistêmica e de base científica que assegure a sustentabilidade do ecossistema do semi-árido nordestino. “A idéia é que se gerem pesquisas que relacione o vegetal, o clima e o meio ambiente com os recursos energéticos, principalmente das fontes renováveis de energia, como os vegetais produtores de biocombustíveis, viáveis para produção agrícola familiar, especialmente por serem renováveis e não agressivos ao ambiente”, finaliza Napoleão.

 

(Dalmo Oliveira - Assessoria de Imprensa do CNPA/Embrapa)


Data: 23/03/2009