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Entrevista - Reitor Thompson Mariz

Consolidar os campi que originaram a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) - na infraestrutura, implantando 18 novos cursos e ampliando a acessibilidade dos portadores de necessidades especiais -, consolidar os recém-criados e fundar mais dois estão entre as metas do segundo reitorado do professor Thompson Mariz, investido no cargo na noite desta quarta-feira, 25.

 

Com políticas administrativas arrojadas, conseguiu elevar o número de cursos de graduação, de 32 para 54 (em 2010, serão 72), chegando a ofertar 4.005 vagas no Vestibular 2009, mais do que o dobro de quando a UFCG foi criada, há sete anos. Na pós-graduação, novos programas de mestrado e doutorado foram implantados e 71 bolsas, com recursos próprios, são oferecidas.

 

No âmbito da execução orçamentária, estabeleceu critérios de distribuição e propõe para este reitorado um aumento em torno de 5% ao ano da participação de recursos próprios, prometendo manter sempre acima de 50% os valores destinados às atividades-fim.

 

O reitor Thompson Mariz abre o novo informativo Em Dia, sendo o entrevistado do Quatro por Quadro.

 

Criada nos ideais de uma universidade cidadã, comprometida com o meio em que está inserida, a UFCG tem cumprido o seu papel?

 

O projeto de expansão, com a criação de três novos campi – Cuité, Pombal e Sumé – e de cursos como os de Medicina, em Cajazeiras, e Odontologia, em Patos, são referenciais deste comprometimento com o desenvolvimento do estado. Lembramos que ainda estão previstos os campi de Itabaiana e Itaporanga e o Colégio Agrícola de São João do Rio do Peixe. No entanto, não paramos por aí, estamos propondo ao Ministério da Ciência e Tecnologia a criação de 18 Centros Vocacionais Tecnológicos, focados nas problemáticas da região que eles polarizarão, onde universidade e sociedade atuem na construção e gerenciamento dos arranjos produtivos. A UFCG se interioriza, desenvolve expressivos programas de Extensão direcionados à população de baixa renda, em vários municípios, no entorno dos seus campi. O Universidade Camponesa e o Universidade Cidadã são exemplos de que, ao mesmo tempo em que formamos cidadãos, promovemos espaços para que alguns deles retribuam um pouco do que a sociedade financia.  

  

Numa contraluz, como o senhor destila as críticas feitas por alguns acadêmicos ao Plano de Expansão da UFCG e as análises de que houve detrimento de políticas de preservação e consolidação dos campi desmembrados, na criação, envolvidos por um princípio de valorização e de novos investimentos?

 

Essas reflexões, pronunciamentos meramente oposicionistas, já estão ultrapassadas. A própria implantação do Reuni pelo MEC, absorvido por todas as universidades federais, seguiu estudos paralelos aos que realizamos quando projetamos nossos novos campi, e se tornou um enorme caroço no angu dessa ideologia exclusivista e elitista. São posicionamentos inexpressivos, que enquadram e limitam o papel da universidade nas políticas de promoção social. Construção de centrais de aula, laboratórios e outros espaços estruturantes, como o Arquivo Central, em Campina Grande; compra de equipamentos laboratoriais e de informática; também a renovação da frota de veículos são provas de campus a campus. Nossas importações de equipamentos ultrapassaram, ano passado, a marca de U$ 1,2 milhão. Estes dados são inquestionáveis quando somados às duas mil refeições/dia nos nossos restaurantes e às 16 residências que mantemos. Absurda, qualquer argumentação dessa natureza.

 

Na última segunda-feira, 23, em reunião com alguns prefeitos paraibanos, o deputado federal Rômulo Gouveia comparou o senhor ao professor Lynaldo Cavalcanti, por sua política administrativa de interiorização do ensino superior. Como assimilar tal depoimento?

 

No momento, confesso que fiquei desconcertado. Muito pouco tenho feito, se comparado ao que Lynaldo realizou. Além de um empreendedor, que muito fez por nossa Paraíba, ele é um homem além do seu tempo. Portanto, impossível se alinhar à sua história. O deputado foi muito complacente nas suas palavras, ao partilhar conosco de um momento em que buscávamos beneficiar um número maior de municípios com os Centros Vocacionais Tecnológicos. Acredito que apenas cumpro o meu papel de gestor público comprometido com os propósitos de uma instituição que, no interior da Paraíba, não se realiza ao ultrapassar as fronteiras do País com suas pesquisas e pesquisadores, mas que se fortalece ao se engajar na oferta de outras e novas oportunidades de inclusão aos jovens carentes de recursos e de políticas públicas de inserção e promoção social.

 

Criação da Universidade do Sertão tem um viés político para um novo reitorado pro tempore? O Senhor já imaginou esse universo de especulação?

 

Toda e qualquer iniciativa que eu venha a propor além das fronteiras do bê-a-bá da administração terá essa leitura, reconheço. Quando lutamos pela implantação do curso de Medicina no Sertão do estado, lançaram-me candidato a deputado, e, ao me posicionar favorável a Cajazeiras, já me puseram na disputa pela prefeitura local. Assim por diante, seguindo por Cuité, Pombal e Sumé. A criação da Universidade do Sertão, reunindo os campi de Patos, Pombal, Sousa e Cajazeiras e de Itaporanga (se criado) e o Colégio Agrícola de São João do Rio do Peixe (se criado, também) tem por objetivo facilitar a administração dos centros e as políticas universitárias de desenvolvimento sustentável para a região.  É tudo incipiente, precisamos discutir em cada um desses campi, ouvir a comunidade universitária e fazer estudos aprofundados. Acredito que um dos diretores dos centros envolvidos seja o futuro reitor daquela futura universidade.  Briga política, no bom sentido, talvez haja para a escolha da cidade que sediará a reitoria, pois acaba ultrapassando os muros da instituição. Sim, respondendo, não serei reitor na implantação dessa universidade – o que muito me honraria – mas a Lei não permite... Quem sabe eu tenha tempo de terminar o meu doutorado!

 

(Entrevista realizada por Marinilson Braga)


Data: 26/03/2009