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Maioria das empresas incorpora inovação de modo desorganizado

Segundo Confederação Nacional da Industrial, empresários ainda são resistentes


A resistência cultural do empresariado ainda é a principal dificuldade para ampliar de forma sustentável o processo de inovação dentro das empresas brasileiras, considerado hoje um dos principais fatores para aumento da competitividade da indústria no país, segundo Paulo Mol, gerente de política industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

"Na maior parte das empresas do país a inovação é feita de maneira desorganizada, não sistematizada. É preciso orientar as empresas e o empresariado para a busca da inovação de maneira estruturada visando aumentar a competitividade das organizações", diz ele.

Não há indicadores recentes sobre a inovação tecnológica na indústria brasileira. A principal fonte de informação na área de inovação é o IBGE e os últimos dados disponíveis foram levantados pela Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec), edição de 2005. Em 2007, o IBGE realizou uma nova pesquisa, mas os dados ainda não estão consolidados.

A Pintec 2005 mostrou que apenas 30% das empresas pesquisadas, um universo de cerca de 90 mil firmas com a partir de dez empregados, realizam algum tipo de investimento em inovação. Não é um número tão baixo, mas ainda assim encontra-se em nível bastante inferior ao de países competidores do Brasil, como México e Índia.

Para Mol, as empresas brasileiras precisam ganhar mais espaço nessa área de inovação - e esse é o grande desafio da CNI neste momento. "Estamos reforçando o movimento de Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) para fazer com que a inovação chegue exatamente na base industrial, principalmente das pequenas e médias empresas", diz ele. É um trabalho semelhante ao que foi realizado nos anos 1990 em torno da qualidade, assegura o dirigente da CNI.

"O governo deu passos importantes no campo da inovação, com a Lei do Bem, a Lei da Inovação, de 2004, os fundos setoriais. Mas precisamos avançar mais", diz ele.

Entre as ideias avaliadas estão a criação de núcleos de inovação nas federações da indústria dos estados e a ampliação das ações de suporte à inovação através de cursos de capacitação em parceria com o Sebrae e Senai, trabalhando a inovação de forma permanente. De acordo com a CNI, atualmente cerca de seis mil empresas brasileiras fazem pesquisa e outras 30 mil investem na inovação de seus produtos e processos. A meta é duplicar o número de empresas inovadoras nos próximos quatro anos.

Para José Ricardo Roriz Coelho, diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Fiesp, os empresários têm que perceber que são eles, e não os centros e instituições universitárias de pesquisas, os principais protagonistas do movimento de inovação.

"São os empresários que vão acionar essas instituições universitárias para estabelecer alianças e parcerias no sentido de criar processos inovadores, desenvolver e forma capital humano dentro de suas empresas. Trata-se de uma questão de sobrevivência para as empresas brasileiras nos próximos anos", afirma Coelho.

(Valor Econômico, 14/12)


Data: 14/12/2009