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Cresce 16% o total de brasileiros que estudam nos EUA

Relatório do governo americano aponta ainda que o número de estudantes daquele país no Brasil subiu 8%


Cada vez mais estudantes brasileiros vão para universidades dos Estados Unidos e americanos partem para estudar no Brasil. A informação é do Instituto Internacional de Educação (IIE), órgão ligado ao Departamento de Estado norte-americano e que monitora o total de estudantes estrangeiros em universidades do país.

O crescimento não foi suficiente para aproximar o Brasil de outras potências emergentes, como a China e a Índia, que enviam 12 vezes mais estudantes para os Estados Unidos. O Brasil ocupa a 13ª colocação. No entanto, no ano de letivo de 2008/2009, o total de brasileiros subiu 16%.

Atualmente, segundo informou o IIE no seu relatório Open Doors, há 8.767 estudantes brasileiros cursando universidades nos EUA. A Índia, com 103 mil, e a China, com 98 mil, estão nas duas primeiras posições e apresentaram um crescimentos de 9% cada uma no último ano. Dos 12 países à frente do Brasil, apenas o Canadá, o México e a Alemanha não se localizam na Ásia.

Ao todo, há 671.616 estrangeiros em universidades dos EUA. A elevação foi de 16% em relação ao ano letivo 2007/2008. Nos dois anos anteriores, o aumento foi de 10%. "Receber estudantes e acadêmicos estrangeiros enriquece a experiência educacional de todos, consolidando os laços entre povos e nações", disse Judith McHale, subsecretária dos EUA para Diplomacia Pública. "A educação superior americana continua muito valorizada no mundo", acrescentou em comunicado Allam Goodman, presidente do IIE.

As cidades das costas ainda são as que mais atraem. A primeira colocada em número de estrangeiros é a Universidade Southern Califórnia, em Los Angeles, seguida pela NYU e Columbia, de Nova York.

Para os brasileiros, a decisão de estudar nos EUA é influenciada pela cotação do dólar. Em momentos como agora, com a depreciação da moeda americana em relação ao real, cresce a procura de brasileiros por cursos nas universidades americanas. Um ano no exterior, nas universidades mais tradicionais, como Princeton, Yale e Stanford, pode custar quase US$ 50 mil (R$ 86,5 mil).

Caso não tenham condições de bancar os custos, os brasileiros devem recorrer a bolsas de estudo esportivas ou acadêmicas. Nos dois casos, são muito concorridas. Além disso, as faculdades solicitam informações da vida acadêmica, resultados de provas e entrevistas.

Thiago Arruda faz mestrado em administração pública na Universidade Columbia. "Mesmo que não seja uma universidade grande, vale a pena. O ideal é vir na pós-graduação, já que os custos serão mais curtos." Os mestrados nos EUA costumam durar de um a dois anos. A graduação demora quatro. Doutorados podem chegar a sete.

O total de americanos estudando no Brasil também cresceu. São 2.723 estudantes dos EUA nas universidades brasileiras, 8% mais do que em 2008. O Brasil é o 20º destino de americanos no mundo. Os quatro primeiros países na lista são europeus. Na América Latina, México, Argentina e Costa Rica recebem mais americanos do que o Brasil. Um dos motivos pela procura maior pelos países vizinhos é a língua, pois o espanhol se tornou praticamente obrigatório no mercado americano.

Crise não abalou o mercado

A visibilidade que o Brasil ganhou com o desempenho da economia na crise tornou os estudantes brasileiros mais atraentes. É o que analisam representantes das principais empresas de intercâmbio atuantes no país. A crise, segundo eles, não afetou o mercado, já que em épocas economicamente críticas as pessoas tendem a investir mais em educação.

"O objetivo é internacionalizar o currículo", afirma Fabiane Fernandes, gerente de produtos da CI, que registrou um crescimento de 22%, em relação a 2008 na procura por programas em universidades estrangeiras.

O gerente de high school (ensino médio norte-americano) da Student Travel Bureau , Bruno Seixas, diz que em 2008 a empresa registrou um aumento de 40% na demanda.

"Quando acaba crise e o mercado começa a contratar as pessoas querem estar preparadas." Para ele, os investimentos que o Brasil tem feito em educação nos últimos anos deixaram o país em voga. "É impressionante a receptividade que os brasileiros têm lá fora."

Uma das maiores e mais prestigiadas universidades dos EUA, Harvard também não diminuiu as bolsas para brasileiros em razão da crise. Há 76 brasileiros estudando no local - mas o número deve ser maior, já que não inclui os com dupla cidadania.

Para estudar nos EUA, o planejamento deve começar no mínimo um ano antes. Cada curso exige prazos e documentações específicas. Para escolher, o estudante deve consultar empresas e instituições que atuam na área de interesse, além de buscar no consulado informações sobre documentos.

O paulista Ariel Beer Honigsman, de 22 anos, embarca para a Flórida no Natal para um curso de negócios internacionais. Ele escolheu os EUA por meio do convênio com sua universidade. "É a oportunidade para aprender com professores que fazem parte do berço do marketing."

(O Estado de SP, 14/12)


Data: 15/12/2009