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Espaço poesia

Tudo que possamos mostrar para um público ávido por versos e prosas. Tudo que podemos mostrar de um grupo de poetas loucos por terem suas poesias divulgadas pelo mundo afora.

A resposta aos anseios, desejos e curiosidades do nosso íntimo isolado que busca comunicar-se e que tem enfim como comunicar-se com o seu próximo através da Internet.

Essa é o nosso objetivo

Esse é o nosso desejo

Essa é a nossa obrigação de viver a vida intensamente.

 

Chicão de Bodocongó

 

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

 

 

O Buscador

 

Busco o imensurável ser que existe em mim.

Às vezes grande e altruísta,

em outras egoísta e sozinho

Às vezes me compreendo,

Mas tarde, sou irreconhecível.

De manhã satisfeito chego aonde quero,

De tarde perdido já nem sei quem sou.

Amei, amei tanto,

que amar hoje já não me basta,

Tenho que ter.

Andei, andei tanto que minhas pernas já não me obedecem.

E assim sempre entre o mar de meus dias e a areia da noite

procuro a mim mesmo e me chamo: O buscador.

 

Gláucio Souza de Oliveira

 

 

Ocasionado

 

Parecia o fim de tudo.

A tarde ia morrendo.

Eu queria viver a luz

O sol se escondendo.

Eu queria não sentir medo...

O escuro é tão frio.

Mesmo que eu fizesse um círculo na terra,

Pra não perder tua luz, nem da tarde á luz tão bela.

 

O sol agora é metade.

Metade de mim também desaparece.

O ocaso é a separação da tarde, o acaso te separa de mim...

Entre sombras sou crepusculário vagalumeando a te procurar.

É tarde, quase noite.

Teu amor também escurece.

O mormaço foi o que restou da luz,

A mim o que restou foi a prece...

♪   ♫ Ave Maria... ♪ ♫

 

Gláucio Souza de Oliveira

 

 

À distância

 

Vai, vai para bem longe,

Passa dias sem me ver.

O coração se penetra sem a saudade caber.

Mas á medida que andar seja para onde for,

Algum dia quando voltares,

Traga na medida do amor.

Se a saudade vier em forma de paisagem.

Fecha os olhos do corpo.

Manda teu ser em viágem.

Buscar pelas asas de um sonho,

O que teus braços não podem abraçar

Mas, que a distancia não pode se opôr.

 

A distancia pode ser obstáculo para o corpo,

Mas nunca o será para a alma.

 

Gláucio Souza de Oliveira

 

 

Agora

 

Decorre minha vida perene,

Neste rio abusivamente repleto.

Onde a paisagem brilha,

Ao receber a luz solar.

A maior obra ourivesaria!

 

Meu coração esplêndido,

Farto de alegria e paz,

Não chora o passado alado.

Vive sem entremezada ou culpa,

Na claridade do sol e na luminosidade da lua.

 

Neste sustentáculo natural,

Purifico o amargo da vida.

Desembebedo as enxurradas,

Deixo o lírico perfume silvestre

 

Janice Adja Costa

 

 

Não mate pra não morrer

 

Nesta ambiência selvagem,

Não quero ser protagonista.

Vivo o anonimato,

Infeliz neste grande âmbito.

 

A dolência das árvores,

Que mortas viram até portas.

Para trancar a matança,

Dos que habitam nas trevas.

 

Homens inglórios,

Modificadores da geotermia.

Fazendo parte dos vaidosos nidoosos,

Com relutância impontual.

 

São homens que matam,

Destroem o que tem de graça.

Deixando assim o planeta,

Cinza, sem vida e sem mata.

 

O homem cruelmente impiedoso,

Enfurece a natureza.

Larga a terra enferma,

Infestada de impurezas.

 

E no centro desta selva,

Existe mentes luzidas.

Fiança até para salvar,

Mosquitos, baratas , ratos e lagartixas.

 

Cada um é unifloro,

Uno na sua espécie.

Da fauna e flora que aflora,

Em vidas pra gerar vidas.

 

Janice Adja Costa

 

 

O presente perfeito

 

Na formação do mundo,

O criador de multígeno, deu cores.

E em suas combinações de tons,

Surgiu o homem.

O homem, sotração arrufadiço.

 

Espécie tácita com estretégia

Vindo da estratocracia,

Para assolar vidas.

Um sovinísta crudelíssimo.

Cheio de desassossego.

 

Manifestado de descoco,

Insônia escurecida e não olvida.

A lucina do céu chora com o desgosto,

Desta espécie malígna

De cor vibrante e lucilante.

 

Olorum, atribuindo sua mandriice

A falta de onde poder ombrear-se.

Presenteou-lhe com a mulher alípede.

 

Arrufado, escraviza a mulher conquistadora

Da autonomia indecomponivelmente iluminada.

Frágil, acuado pelo medo da solidão aflogística,

O criado tenta furgir da sua responsabilidade

De Ter que sentir a merecida dor da cronicidade.

 

O criador da moderna senzala urbana

Entra em fuga mesta selva de concreto.

Pondo seus pés no sepulcrário ainda em vida

Ouvindo uma voz estridulante

E sem medo de perder as alvíssaras

Grita: MORRA!

 

Janice Adja Costa

 

 

Caos

 

A noite cai

Normalmente, como antigamente.

Tudo está simples como antes.

Mais tarde, um estampido

Bate fortemente

Em meu ouvido

Anunciando a dor intransigente.

 

Inocente, eu vou ao trabalho.

Algo insinua o que pode acontecer.

Aqui e acolá a tristeza me bate

De instante a instante

Como se fosse um encarte

Que aos poucos se desligasse

Sem eu poder compreender.

 

E, ao chegar em casa.

Todos me esperavam absorto

Com demonstração de tristeza

Que eu tive que conter

Extasiado com o choque

Que a natureza impõe

Ao mostrar o quadro de um morto.

 

Era o meu pai que dormia

Para a sua libertação.

Que liberdade se o mundo o aprisiona

Com o sabor mundano

Intransigente e sem rumo,

Cujo comando fraquejante dormita

No campo da solidão.

 

Luiz Gonzaga de Sousa

 

 

O tom da vida

 

Nos encontramos um dia.

Éramos dois enamorados,

Que víamos encantamento

Numa anestesia feroz

E, lá juntos,

O amor cresceu feliz

Puxado pelo alado.

 

A comunidade cresceu.

Já éramos três

Vivendo num mesmo teto

Entre tapas e beijos.

A sobrevivência ao lado

Falava ao pé do ouvido

Como assim se fez.

 

Já cinco dentro de casa

A alegria era abundante

De choros e risadas

Intermitentes ao lado

Entretanto, o mundo une

Somos oito num mesmo teto

Ainda organizada.

 

Porém, desliga-se tudo;

Sai nossa mãe de casa,

Vai a outro campo buscar

Sentido para a vida.

Em seguida nosso pai,

É que vai cumprir sua missão

Cujo desmaio se esvai.

 

Luiz Gonzaga de Sousa

 

 

O Retorno

 

Somos pó,

E para o pó vamos.

Foi minha mãe, depois meu pai.

Nós ficamos tristes a chorar

Mas, não podemos lamentar.

Tarefa cumprida

Como observamos.

 

Minha mãe foi rosa, foi esperança,

Foi tudo que nós tivemos

Foi o brilho de uma labuta

Cuja simplicidade empreendemos

De forma singular vivemos

O encanto de uma vida

Que depositou herança.

 

Meu pai foi um exemplo

Para não se fazer igual

Foi o reverso da luta

Porém, de um jeito natural,

Como tudo na natureza

Que tem a sua franqueza;

Pois, o bem não se disputa.

 

Minha mãe, meu pai se foram.

Só nos restam a saudade

E a vontade de tê-los presentes,

Numa família só e unida

Portanto, o tempo passou,

Não soubemos aproveitar

A oportunidade de amá-los em vida.

 

Luiz Gonzaga de Sousa

 

 

Fuga  de Aeronave

 

Cedo da tarde cálida

Fugimos de aeronave

Driblando todos os cercos

Caravanas e soldados

 

Cedo da tarde cálida

Fugimos de aeronve

O silêncio era de ouro

Seu cabelo era de prata.

 

Cedo da tarde cálida

Fugimos de aeronave

Carinhos fugidios escorriam

Pela tarde

 

Cedo da tarde cálida

Fugimos de aeronave

O sino da capela

Anuciou que era tarde

 

Carinhos e silêncios

Você e  aeronave

Fugiram todos de repente

Esvoaçando pela tarde.

 

Maria das Graças de Lucena Barbosa

 

 

Lembranças

 

Ele foi embora pra lá, pra longe

 

Onde a vista  se perde

E, as estrelas se escondem.

 

Ele foi embora pra lá, pra longe,

Onde não existem barreiras,

Não existem fronteiras,

E, o nada se expande.

 

Ele foi embora pra lá, pra longe,

Mas, viveu   seus ritos,

Acreditou em mitos,

Idolatrou os Beatles,

Karl marx e os “Rolling Stone”.

 

Ele foi embora pra lá, pra longe,

Mas, deixou suas lembranças,

Travessuras de infância,

Brinquedos quebrados,

Chocolates roubados,

Janelas da infância.

 

Quando o  Natal se aproxima,

Pergunto as minhas lembranças:

Por onde  andará aquele menino?

E, elas sempre respondem:

Onde a vista se perde,

E, as estrelas se  escondem

 

Maria das Graças de Lucena Barbosa

 

 

Parte

 

Para minha

Parte sua

Minha e sua

Sua, minha.

 

Parte do queijo

Parte para longe

Parte aqui

Parte ali.

 

Parte a toda hora

Para tantas outras cidades

Parte do coração

Parte do corpo

Parte de uma mão.

 

Parte em mim

 

Por favor.

 

Antônio Celso Delena

 

 

Ferro

 

Estrada de ferro

Ferro de fundição

Ferro de construção

Ferro lembra corrosão

Ferro se aguça com ferro

Porta de ferro

Chapa de ferro

Grade de ferro

Portão de ferro

Caminho de ferro

Ferro desde a fundação.

 

Antônio Celso Delena

 

 

Estás amando

 

A dura penas,

De qualquer jeito,

Custe o que custar.

 

E de repente,

Sem avisar,

Surpresa.

 

No momento oportuno,

No lugar ideal,

Livre para voar.

 

Num  leve toque,

Momentos antes,

Muito cedo demais.

 

Começou sem perceber,

Através de alguém.

 

Só tu e eu,

E ninguém mais.

 

Do amor tudo se espera,

De um gesto carinhoso,

Muito interessante,

Aguardado com ansiedade.

 

E as coincidências

Se repetem

Nuns e noutros

Quando o mundo todo

Está amando,

Tu também está amando.

 

Antônio Celso Delena

 

 

Asa queimada

 

Através da chaminé

como irrompe a fumaceira!

E logo diz quem a vê

que arde o fogo na lareira.

 

Ardi-me tanto para ser-me

alguma coisa no mundo:

mais não pude acontecer-me

do que um fumo negro e imundo.

 

Porque só logrei viver

do pensar-me no sentir-me

de um fumo de lume a arder

que tinha pra divertir-me.

 

De Antonio Soares

 

 

Caos

 

Só até mim a luz nunca chegou=

- caos

na espera de germes para a vida.

 

Terra que não deu cardos

nem tugúrios para as feras

nem água para as enguias.

 

Nem turista algum do mundo

às portas me batera do silêncio

e me pedira a graça

de visitar as cavernas

onde homens terciários

deixaram as ossadas gigantescas.

 

Sempre o caos

- nem deus algum dos mitos do passado

buscou nele gravar o seu poema

dum solene e criador “fiat lux”.

 

Antonio Soares

 

 

Impossível do mais

 

O caos e um mito para te repor a existência

e te cingir da futilidade de um passeio ao velho Rossio.

 

Já falharam três revoluções para te conquistar

e és sempre a mesma rocha sem abalo

a mesma estrela fixa dos longínquos céus esmaecida.

 

Diz-me o teu nome, o teu pensar de viúva agreste,

deixa-me cair na palma da mão os suores do rosto

de procurares o pão que te alimente.

 

Tu não sabes que um ócio longínquo te retém o passo

e uma andorinha te encarnou a saudade triste

do exílio africano?

 

Em breve saberás oficialmente

o impossível do mais para o teu mundo.

 

Antonio Soares


Data: 05/03/2010