19/07/05 Formação de competências para a agricultura familiar e reforma agrária em foco
Com o objetivo de promover e estimular o intercâmbio entre diferentes programas universitários de capacitação para a agricultura familiar e a reforma agrária, o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD) reuniu, nos dias 30 de junho e 1º de julho, representantes de universidades de diferentes regiões brasileiras. Participaram as universidades Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Federal de Santa Catarina (UFSC), Federal de Campina Grande (UFCG), Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Federal do Pará (UFPA), Federal de Pernambuco (UFPE) e Estadual de Campinas (Unicamp).
Durante o encontro, os representantes das instituições apresentaram os respectivos projetos que desenvolvem para a formação de competências para agricultura familiar e reforma agrária. Foram destacados o público-alvo das iniciativas, a estrutura dos cursos, as especificidades metodológicas e pedagógicas, dentre outros. Magda Zanoni, pesquisadora do NEAD e organizadora da reunião, assinalou a importância dessa troca de experiências no Brasil. "Ainda há dificuldade na difusão aprofundada de novas práticas em um país de dimensões continentais, como o nosso. A socialização do conhecimento é fundamental". Magda destacou, ainda, a abertura do espaço para que instituições recentemente introduzidas no processo possam se beneficiar de outras que desenvolvem essas atividades há mais tempo.
Para Caio Galvão de França, coordenador-geral do NEAD , a reunião possibilita inaugurar um diálogo entre vários projetos com os quais o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) tem relação ou acompanha, pela importância que estes têm sobre a área de atuação do órgão. "Há uma preocupação crescente em aprofundar nossos vínculos com centros de pesquisa e instituições universitárias. Isso se faz na forma de apoio a iniciativas e estímulo à implementação de projetos e cursos de especialização e extensão, que busquem aproximar as universidades dos gestores, das lideranças de movimentos sociais e dos técnicos". Caio citou, ainda, a atuação do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), iniciativa emblemática que resultou numa política pública de educação no campo.
Aproximação - A pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB) Ellen Woortman enfatizou, na abertura do evento, que qualquer intervenção no universo da agricultura familiar deve buscar compreender essa dinâmica a partir dos termos dos grupos que desenvolvem esse tipo de atividade. "Devemos nos aproximar deles, buscando entender, por exemplo, como se dá a transmissão de conhecimento nas unidades de produção familiar. É fundamental respeitar as formas locais de soluções que são encontradas".
A UFCG apresentou o projeto Universidade Camponesa (Unicampo). O professor Márcio Caniello destacou que a iniciativa busca promover o diálogo entre os saberes e fazeres provenientes do modo de vida, da identidade e tradição dos camponeses, e o conhecimento e as inovações vindas da ciência e da técnica. Em seguida, a professora Maria de Nazaré Ângelo Menezes, da UFPA, apresentou o projeto do Núcleo de Estudos Integrados sobre Agricultura Familiar (Neaf), do Centro de Ciências Agrárias. O projeto articula equipes de professores-pesquisadores nas regiões de Marabá, Altamira e Nordeste Paraense, realizando atividades de formação em graduação e pós-graduação, além de pesquisas. As atividades da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp foram demonstradas pela professora Sônia Bergamasco. Também narraram suas experiências os professores Nazareth Wanderley, da UFPE, Luiz Fernando Coelho e Pedro Alberto Selbach, da UFRGS, Regina Bruno, do CPDA/UFRRJ, e Paulo Lovato, da UFSC. Posteriormente, as discussões geradas no encontro serão disponibilizadas ao público na forma de uma publicação.
Fonte: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural
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