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22/04/05

Socioeconomista vê na produção de biomassa garantia da sobrevivência da agricultura familiar

A Câmara de Deputados acaba de aprovar o projeto que converteu em lei a Medida Provisória do Biodiesel. A lei estabelece alíquotas diferenciadas para contribuições sociais aos fabricantes de combustível que comprarem matéria-prima de produtores familiares.

Profundo conhecedor do Brasil, o socioeconomista polonês Ignacy Sachs, 77, é otimista quando se fala na relação entre biodiesel e desenvolvimento sustentável no país. "Acredito que a nação que tem a maior biodiversidade do mundo, recursos hídricos abundantes, uma enorme reserva de solos agriculturáveis e pesquisas agronômicas e biológicas de classe internacional, está predestinada a trabalhar na construção de uma nova civilização dos trópicos, baseada na valorização das biomassas, vegetal e animal", falou o pesquisador ao Boletim NEAD Notícias Agrárias .

Sachs esteve recentemente no Brasil para apresentar palestras em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador, onde inaugurou o "Quintas-feiras Ambientais", programa do Centro de Recursos Ambientais (CRA), da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia. Em todos os eventos, o cientista abordou aspectos políticos, econômicos, ambientais e sociais da produção de biomassa, transformação de matéria orgânica em fonte de energia. No Curso de Pós-graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/UFRRJ), o cientista ministrou a palestra "Da civilização do Petróleo a uma nova civilização verde: biomassa, nova matriz energética e agricultura familiar".

Para Sachs, a perspectiva de produção de energia a partir da biomassa permite um novo ciclo de desenvolvimento rural que atenda aos problemas de geração de oportunidades para os agricultores familiares. Segundo ele um dos grandes desafios mundiais do século XXI é o emprego, em especial para os agricultores familiares, uma grande parcela da humanidade. "Não dá para conceber a idéia de que todos os agricultores familiares vão ser jogados nas favelas urbanas. Se isso acontecer, será uma grande tragédia", advertiu.

Ignacy Sachs apontou ainda como grandes problemas do futuro próximo às questões ambientais, que têm como principal dilema as mudanças climáticas, e a crise do petróleo. "Temos de nos livrar o mais rápido possível das amarras geopolítica do petróleo, a principal fonte de conflitos e de busca por posições imperiais de certos países".

Biodiesel - Essa é a razão pela qual o cientista tanto insiste na idéia de adotar o biodiesel como uma alternativa de fonte de energia e geração de emprego e renda para os agricultores familiares. "O programa de biodiesel do governo brasileiro, assinala uma nova direção, é importante pensar, pelo menos em tese, numa eliminação do combustível à base de petróleo".

O socioeconomista acrescentou que é possível construir um cenário para a saída gradual do Brasil da civilização do petróleo rumo a uma civilização moderna, incorporando conhecimentos de agronomia e biologia, aumentando a produtividade em harmonia com a natureza e voltada para os interesses do agricultor familiar. "Precisamos trabalhar muito para sair dessa idéia de justapor a produção de biodiesel com outras produções sem ver como tudo tem de ser articulado em sistemas integrados de produção, onde se criam sinergias entre essas diferentes produções, o que poderá resultar numa nova visão de desenvolvimento rural que não se limita unicamente na agricultura e insiste na idéia de pluriatividade dos agricultores e de suas famílias", afirmou.

Ignacy Sachs é diretor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris (Ehess) e profundo conhecedor do Brasil. O economista presta consultoria ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), onde elaborou um estudo, sobre a importância da pequena propriedade como um novo ciclo econômico para Brasil.

Fonte: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (www.nead.org.br)

 

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